quinta-feira, 21 de abril de 2011

Vivre sa Vie


Place du châtelet - O desconhecido - Nana faz filosofia sem saber


Você vem bastante aqui?
- Não, às vezes. Hoje, por sorte
Por que você lê?
- É meu trabalho
É engraçado de repente eu não sei o que dizer; isso acontece muito comigo. Eu sei o que quero dizer. Eu reflito sobre o que quero dizer, mas no momento de dizer eu não consigo-Sim, claro. Você leu os Três Mosqueteiros?
Eu vi o filme. Por quê?
-Porque nele, Porthos, isso se passa na verdade no Vinte Anos Depois. Porthos, o grande, o forte, um pouco besta, ele nunca pensou em sua vida, compreende? Então, uma vez ele tem de implantar uma bomba numa adega, para explodí-la. Ele o faz. Ele coloca a bomba, acende-a, e sai correndo, naturalmente, mas de golpe, ele começa a pensar...
Ele pensa no que?
-Ele se pergunta como ele pode colocar um pé após o outro,você já deve ter pensado sobre isso também. E então ele pára de correr. Ele não pode mais, não pode avançar. Tudo explode, a adega cai sobre ele. Ele a segura com seus ombros, ele é forte, mas depois de um dia, ou dois ele cede, e morre. A primeira vez que ele pensa, ele morre
Por que me conta essa história?
- Sem razão, só por falar
E por que a gente precisa sempre falar?
- Muitas vezes devíamos nos calar,viver em silêncio. Quanto mais fala-se, menos as palavras significam
Talvez, mas como se pode?
- Eu não sei.
Eu acho que não podemos viver sem falar. Então é isso, eu gostaria de viver sem falar
- Sim, isso seria bom, não?
É como se não amássemos mais
- Mas não é possível, nunca vai ser.
Mas por quê? As palavras deviam exprimir exatamente o que queremos dizer. Elas nos traem?
- Mas nós as traímos também, nós devíamos poder dizer o que queremos como já foi feito com a boa escrita. É mesmo extraordinário que um homem como Platão, a gente pode ainda compreender, a gente compreende. Ainda sim ele escreveu em Grego, há 2500 anos. Ninguém realmente sabe a língua daquela época, ao menos exatamente, mas ainda sim passa alguma coisa, então nós devemos poder nos expressar e nós precisamos.
E por que devemos nos exprimir? Para se compreender?
- Nós precisamos pensar, e para pensar, é preciso falar, não há outro jeito de pensar.E para comunicar, deve-se falar. É a vida
Sim, mas ao mesmo tempo é muito difícil. Eu acho que a vida devia ser fácil. Você sabe, a sua história dos Três Mosqueteiros pode ser muito boa, mas é terrível.
- Sim, mas é uma indicação. Eu acredito que aprendemos a falar bem quando renunciamos à vida por algum tempo. É quase... O preço
Então, falar é mortal?
- Falar é quase uma ressureição em relação à vida. Quando falamos é uma outra vida de quando não falamos. Então, para viver falando deve-se passar pela morte da vida sem falar. Eu talvez não esteja sendo claro, mas há uma certa regra ascética que te impede de falar bem até olharmos a vida com desapego
Mas não se pode viver a vida com... Eu não sei, com desapego
- Sim, mas nós balanceamos, é por isso que devemos passar do silêncio às palavras. Nós balançamos entre os dois porque é o movimento da vida
Da vida cotidiana nós nos elevamos a uma vida que chamamos de superior é a vida do pensamento, mas essa vida pressupõe a morte da vida cotidiana, a vida demais elementar.
Mas então pensar e falar se parecem?
-Eu acredito. Platão o disse; é uma idéia antiga. Nós não podemos distinguir do pensamento o que é o pensamento e as palavras que o exprimem. Analisando a consciência, você não consegue separar o momento de pensar das palavras.
Falando, então, a gente arrisca mentir?
- Sim, porque mentiras são também parte de nossa busca. Há pouca diferença entre erro e mentira. Não quero dizer mentiras comuns como eu prometo ir amanhã, mas não vou porque não queria, entende? Esses são truques, mas uma mentira sutil é pouco distante de um erro, a gente procura e não consegue achar as palavras certas.
É por isso que você não conseguia saber o que ia dizer.
- Você tinha medo de não achar a palavra certa. E eu acho que é isso
Sim, mas como ter certeza de ter encontrado a palavra certa?
- Deve-se trabalhar. É necessário um esforço. Deve-se falar num modo que é certo, não machuque, diga o que há para ser dito, faça o que tem de fazer sem machucar, nem ferir.
Sim, um deve tentar ser de boa fé.
- Uma vez alguém me disse "A verdade está em tudo, mesmo no erro"
Isso é verdade.
- Isso não foi visto na França no séc XVII, eles achavam que podiam evitar o erro e ainda mais que isso, que podia-se viver na verdade diretamente.
Creio que não seja possível.
-Por isso há Kant, Hegel, a filosofia alemã: para nos conduzir à vida e nos fazer ver que devemos passar pelo erro para chegar na verdade
O que você pensa do amor?
- Leibnitz introduziu o contingente, verdades contingentes e verdades necessárias fazem a vida cotidiana
Aos poucos chegamos na filosofia alemã onde pensamos, na vida, com os erros da vida, com as servitudes da vida. E deve-se lidar com isso, é verdade
O amor não deve ser a única verdade?
- Mas para isso, o amor deveria ser sempre verdadeiro
Você conhece alguem que sabe de cara quem ele ama?
- Não é verdade. Quando você tem vinte anos não sabe o que ama
Você sabe migalhas, se agarra só a sua experiência. Você diz "eu amo isso", é sempre uma mistura, mas para ser constituido inteiramente daquilo que se ama, é preciso a maturidade.Isso significa buscar. E é essa a verdade da vida. É por isso que o amor é uma solução, na condição que seja verdadeiro

terça-feira, 19 de abril de 2011

Na mentira das palavras entro no seu jogo


Por que mentias, leviana e bela,
Se minha face pálida sentias
Queimada pela febre?... e minha vida
Tu vias desmaiar... por que mentias?
Acordei da ilusão! a sós morrendo
Sinto na mocidade as agonias.
Por tua causa desespero e morro...
Leviana sem dó, por que mentias?
Sabe Deus se te amei! sabem as noites
Essa dor que alentei, que tu nutrias!
Sabe este pobre coração que treme
Que a esperança perdeu porque mentias!
Vê minha palidez: a febre lenta...
Este fogo das pálpebras sombrias...
Pousa a mão no meu peito... Eu morro! eu morro!
Leviana sem dó, por que mentias?



Álvares de Azevedo




Nunca espere nada das pessoas, NUNCA, os sentimentos retribuidos por elas nem sempre tem a mesma intensidade do que os sentimentos que entregamos.
Até eu dou risada de mim mesma, sou uma grande piada interna feita por quem não tem senso de humor ...


OBS.
Não sou profissional, não sou culta, não sou inteligente ... Então se você lê esse blog e espera muita coisa ... Muda a página, pois só escrevo aqui a grande confusão que é minha mente !!!!